segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Callas




Se chamava Maria.
Levava uma vida, pode-se dizer, branca, branda, imaculada.
Fantástica, era um copo-de-leite
Dedicada, estudiosa, comportada e milimétricamente perfeita.
Austera e determinada, mas claramente insegura.
Agarrava-se ao que estava dentro do seu domímio, e provava controlar seu próprio destino. Perigosa busca do não sofrer.
Casou-se com o óbvio, onde não haviam riscos, onde os sentimentos não tinham cores.
Sua afetividade era toda em branco.
Mas o destino não é meu, não é seu, não é dela.
E vieram as cores. Maria se apaixonou de verdade.
E o sentimento forte, intenso, colorido, carnal a devorou.
Maria mergulhou naquele mar e se deixou finalmente navegar.
Como uma criança que nunca tivesse experimentado chocolate, se lambuzou até a dor.
Destino descontrolado chamado paixão, que ela não queria que acabasse nunca mais.
Mas acabou.
E Callas deixou de enxergar qualquer cor na vida. 
E murchou.


Minha visão resumida da fantástica cantora lírica Maria Callas, que morreu do amor
As fotos são da flor chamada "Calla", ou "copo-de-leite colorido".